02/07 – Saída de Marau
Optamos por sair de Maraú pela praia, ao invés de sofrermos de novo pela estrada de terra até Ubaitaba. Só é permitido andar pela praia a partir de Saquaíra. Dali, o caminho é tranqüilo. O único inconveniente poderia ser o nível dos rios que deságuam no mar que, dependendo da maré, impossibilita a passagem dos veículos. Quarenta km depois, começamos a avistar um pouco de civilização: num instante reconhecemos o Rio de Contas e, lá do outro lado, a cidade de Itacaré.
Quantas saudades da nossa lua-de-mel! Atravessamos o rio (numa balsa, é claro!) e seguimos para as praias da cidade para procurar um lugar para comer. Almoçamos na Ribeira: calor, cerveja gelada, peixinho frito e uma praia deliciosa.
Combinação perfeita! Seria ainda melhor se não tivesse tanta muvuca, mas isso é normal nas praias urbanas de Itacaré. Antes de seguirmos viagem, paramos na praia de Itacarezinho. Pouco mudou naquela praia longa e estreita com águas cristalinas onde passamos a nossa lua-de-mel. Tirei uma foto na frente do resort Txai: pena que agora era como turista e não como hóspede. Como não conseguimos lugar par acampar por ali, seguimos viagem até Ilhéus, onde passamos a noite numa pousadinha bem legal.
Coisa rara: acordei cedo (de livre e espontânea vontade!) e vi o céu alaranjado pelo nascer do sol. Seguimos viagem logo após o café. Decidimos não seguir pela BR101, que é sempre esburacada e cheia de caminhões. No meio do caminho, passamos pela entrada do Ecoparque do Una e resolvemos entrar para ver qual é que é. A área era uma antiga fazenda de borracha, mas foi doada para a associação responsável pelo parque. Hoje, ainda parte da área destinada à extração de borracha foi mantida e pode-se visitar o local e aprender um pouco mais sobre a seringueira e a extração do látex e sua transformação em borracha.
A trilha que fizemos é em uma área de recuperação de mata Atlântica. Nos moldes do que vimos na Costa Rica anos atrás, foram feitas passarelas a uns 20 metros do chão, para que os visitantes possam passear tranqüilamente pelas copas das árvores. É uma sensação diferente ver a floresta de cima! A trilha é super light e dura mais ou menos uma hora. Depois, ainda continuamos viagem e paramos em São Mateus, já no Espírito Santo, para pernoitar.
04 a 06/07 – Viagem Vitória/Porto Alegre/Vitória
Foi o nosso primeiro dia de chuva na estrada. No meio do caminho até Vitória, conhecemos o Marco, um ciclista que tinha saído de Santos e estava indo para Macapá. É isso mesmo! E depois a gente pensa que nós é que somos loucos! A bicicleta dele, carregando somente o essencial, pesava tão somente 80 quilos! Ia sem patrocínio nem nada, levado somente pela aventura de viajar e conhecer outros lugares …
Viver, experimentar, isso é o que vale a pena! Quando nos despedimos, um cara que vinha em uma moto parou do outro lado da estrada. A moto tinha pifado e ainda faltavam 10 quilômetros para a próxima cidade. Resultado, acabamos puxando a moto, o que se revelou uma tarefa lenta, muito lenta. Mas valeu a pena, pois ele ficou muitíssimo agradecido pela ajuda.
Já em Vitória, tivemos uma tarde conturbada. Não conseguíamos achar um hotel sequer onde coubesse o jipe na garagem. E, naqueles onde cabia, o pessoal não permitia que a gente deixasse o carro ali e fosse viajar. O fato é íamos pernoitar uma noite em Vitória e de manhã pegaríamos um vôo para Porto Alegre, onde dormiríamos uma noite, retornando no outro dia de manhã. O carro ¨pernoitaria¨ sozinho durante uma noite em Vitória. Recebemos todo o tipo de desculpa, mas a mais comum era que não poderíamos deixar o carro ali se não estivéssemos hospedados no hotel. Decidimos então, propor que nos hospedaríamos, que pagaríamos mais uma diária para podermos utilizar a garagem. Nem assim foi possível. Já estávamos ficando desesperados. O que íamos fazer? Quando já estávamos desistindo e pensando em deixar o carro no aeroporto (sem nenhuma segurança), encontramos um hotel (cabe dizer o nome Alvetur Praia) onde fomos muito bem atendidos e onde permitiram que deixássemos o carro sem nos cobrar nenhum extra. Dormimos mais tranqüilos e no dia seguinte acordamos às 04:15 para irmos ao aeroporto.
O mais incrível foi termos encontrado o José Dirceu, amigo do meu amigo Hémerson, que mora em Cachoeira do Itapemirim. Nós o conhecemos no ano passado, quando voltávamos da Expedição Nordeste. E, por acaso descobrimos que tínhamos um amigo em comum. Agora, mais de um ano depois é sem nunca mais termos tido nenhum contato, nos reencontramos em Vitória! Impressionante! Mais uma das várias coincidências que ocorreram em toda viagem. A viagem de avião foi um verdadeiro pinga-pinga, mas perto do meio-dia desembarcamos em Porto Alegre. Tudo foi muito rápido. Mal chegamos em casa, almoçamos e logo fomos nos arrumar para o casamento dos amigos Jaime e Simone. Não poderíamos perder essa festa de amigos tão queridos e por isso toda essa manobra de parar em Vitória, pegar um avião para passar só um dia em Porto Alegre. Mas, no final das contas, deu tudo certo.
O casamento foi ótimo, e os noivos ficaram muito felizes (pelo menos foi o que aparentaram) com a nossa chegada-surpresa. No outro dia ainda deu tempo de almoçarmos com meus pais e pegarmos o avião às 15:00. Chegamos em Vitória às 22:45 (inacreditável! um dia inteiro pulando de aeroporto em aeroporto!), mortos de cansados. Nosso jipe continuava lá, inteirinho, que bom!
07/07 – Parque Estadual da Pedra Azul
Já está virando rotina passarmos pelo Parque Estadual da Pedra Azul na volta para casa. Foi assim no ano passado, quando voltávamos da Expedição Nordeste. Hoje estávamos meio cansados e, sinceramente, tínhamos perdido um pouco o pique para viajar. Os dois dias em Porto Alegre nos deram uma desacelerada.
O Parque estava fechado, e só nos restou zanzar pelas estradinhas de terra procurando o melhor ângulo para fotografar a Pedra Azul. O dia estava lindo e a deixava ainda mais colorida (mais verde do que azul!).Dali, pegamos uma estrada alternativa, a Estrada do Caxixe, que passa pelo vale do mesmo nome e que é conhecido pelas terras férteis e pela grande produção de hortifrutigranjeiros. Ali nós comemos os melhores morangos das nossas vidas! Emoldurando a paisagem, o Forno Grande, um paredão de rochas cinza que fica ainda mais bonito com o colorido do pôr-do-sol.