Carolina – MA
BR 153: caos no trânsito
Ao meio dia, FINALMENTE, deixamos Palmas e nos dirigimos ao Maranhão (nem acredito!!!). A viagem foi lenta, pois ficamos cerca de 1 hora para passar uma balsa e depois pegamos a BR 153 (Belém-Brasília), que é simplesmente um horror: tráfego de caminhões intenso e a estrada não existe; só existem buracos. O trânsito fica caótico, pois os caminhões, para desviar dos buracos, puxam para a pista contrária sem pestanejar ou saem para o acostamento. A viagem foi um stress. As estradas do Jalapão são um tapete perto da BR 153. Como já estava escurecendo e a estrada só piorava a cada quilômetro, resolvemos adiar por mais um dia a nossa chegada ao Maranhão e pernoitamos em Guaraí.
Carolina – Finalmente no Maranhão
Acordamos cedo, pois queríamos pegar a estrada mais tranqüila. Ledo engano. Os caminhoneiros tinham acordado mais cedo do que nós. Vimos dois acidentes logo que saímos de Guaraí: o estado em que se encontravam os caminhões impressionava e nos deixou ainda mais cautelosos ao dirigir por ali. Saindo da BR 153 e entrando na estrada estadual que leva à Carolina, a coisa muda: asfalto novo e pouco trânsito. A diisa entre o Tocantins e o Maranhão é o Rio Tocantins que separa as cidades de Filadélfia e Carolina.
Chegamos à Carolina bem na hora do almoço: aliás, essa é a maior preocupação do Renato durante toda a viagem: “onde, quando e o que comer?”. Mas aqui não tem muita escolha, já que a maioria dos restaurante oferecem “comida caseira”, e ela não muda nunca: arroz, feijão carioquinha, farofa e galinha caipira ou, quando estamos com sorte, carne de sol (que foi o mais perto que chegamos de um bom churrasco desde a deliciosa picanha que o Duffles nos preparou em 26/06).
Depois de almoçarmos um delicioso surubim (viva!) em Carolina, fomos visitar a Cachoeira Pedra Caída. O local é um dos pontos de encontro nos finais de semana e nós, que procurávamos um local de calmaria, ficamos um pouco decepcionados. Mas a sensação de decepção desapareceu quando fomos fazer a caminhada até a cachoeira.
A trilha por si só já vale o passeio: caminha-se por dentro do rio, em um cânion de 50 metros de altura, de onde nascem árvores, bromélias, e uma água morna que cai como chuva sobre nós. À medida que nos aproximamos na cachoeira, o cânion vai se afunilando cada vez mais, até que entramos em um grande salão (fechado por todos os lados), onde está a Cachoeira Pedra Caída de 40 metros. A cena é impressionante e difícil de descrever. Para fotografar é bem difícil pois molha a câmera, não fiz com a máquina digital só em slide…aguarde para ver a foto da cachoeira.O bom é que a maioria das pessoas não quer enfrentar a caminhada até a Cachoeira, assim, o encanto do lugar fica preservado. Acabamos acampando por ali mesmo.
Carolina e saída para Serra da Capivara
Pela manhã tínhamos contratado um guia para nos levar a umas cachoeiras mais distantes, mas o guia simplesmente não apareceu. Resolvemos então visitar outra cachoeira no mesmo local, a Pedra Furada: a trilha é mais fácil e a cachoeira, apesar de menor, é igualmente surpreendente, formando uma piscina deliciosa.
Depois do almoço, fomos às Cachoeiras do Itapecuru, mas depois de visitarmos as cachoeiras do Recanto da Pedra Caída, nada mais conseguiria nos surpreender.
Quando estávamos voltando ao camping, decidimos repentinamente mudar o roteiro e seguir viagem para o Piauí. Há alguns dias, nós olhamos o mapa e vimos que estávamos mais próximos da Serra da Capivara do que imaginávamos e resolvemos deixar os Lençóis Maranhenses para um pouco mais tarde. Como já havíamos visitado muitas cachoeiras nessas últimas semanas, resolvemos ir em busca de algo diferente: a caatinga.
Detalhe: o Renato deixou as papetes em cima da Land e saiu dirigindo 20 km depois ele se deu conta, mas apenas uma delas continuava ali. A outra fomos encontrar quilômetros antes, no meio da pista – intacta.
Carolina – prosperidade no passado e natureza preservada no presente
Cachoeiras
No início do século XX, Carolina foi a cidade mais próspera do Sul do Maranhão. Com tanta água que corre nos rios da região, na década de 40 foi construída na cidade a primeira hidrelétrica da Amazônia. Além disso, ela foi a pioneira na fabricação de sabonete e óleo comestível em todo o Nordeste, e o movimento de pessoas e produtos era tão intenso que chegava a ser, muitas vezes, maior do que o da própria capital, São Luís.
No entanto, na década de 60, Carolina viu o desenvolvimento ir embora aos poucos. O progresso, de uma hora para outra, passou a 100 quilômetros dali. A construção da rodovia Belém-Brasília fez com que toda a circulação de pessoas e produtos, que antes passava por Carolina, passasse agora pelas cidades de Estreito e Imperatriz.
O progresso foi embora, mas acabou deixando uma outra riqueza que está atraindo muitas pessoas para região: uma abundância de rios que acabam despencando em cachoeiras de uma beleza ímpar.
As Cachoeiras do Itapecuru, que antes serviam para ativar a hidrelétrica de Carolina abastecendo todo o Vale do Tocantins, hoje servem para refrescar os mais de 40 mil visitantes que chegam à cidade nos meses de férias (julho e agosto).
Mas existem locais da região que nem viram o progresso chegar e tampouco ele ir embora. É o caso das Cachoeiras do Rio Farinha, que se localizam a 100 km da cidade e que só são visitadas por aqueles que têm carros com tração 4 x 4, para agüentar as antigas estradas de tropeiros que levam às quedas.
Entretanto, a mais impressionante queda da região é a Cachoeira Pedra Caída. A trilha de acesso à cachoeira já é por si só uma atração: caminha-se por dentro do rio, espremendo-se pelos paredões de rocha de mais de 50 metros de altura, de onde nascem bromélias, pequenas árvores, cipós e de onde brota uma água morna que cai sobre os caminhantes sob a forma de uma chuva fraca. O cânion vai afunilando a cada metro e, de repente, entra-se em um grande salão cônico de onde despenca, de uma altura de 50 metros, a Cachoeira Pedra Caída: a força da água é tão grande que faz com que o barulho seja ensurdecedor. Pela manhã, a luz ilumina o salão deixando a Cachoeira ainda mais bonita.
Hoje, o progresso não é mais tão desejado assim. Agora o que interessa é preservar as belezas naturais da região para que o fluxo de pessoas seja de novo tão intenso como antigamente.
Como Chegar:
Saindo de Palmas, segue-se a TO-050 até Lajeado, onde pega-se a balsa para Miracema do Tocantins. De lá são 25 km até Miranorte, na BR-153. São aproximadamente 300 km de estrada muito ruim até Araguaína, com buracos enormes na pista e tráfego intenso de caminhões pesados. A partir de Araguaína, a situação muda: os 120 km até Carolina são percorridos em uma estrada em boas condições e com pouco tráfego.
Saindo de São Luiz, segue-se pela BR-135 até Miranda do Norte e de lá, pela BR-222 até Açailândia, que fica na Belém-Brasília (BR-010). De Estreito, são mais 100 km até Carolina.
Onde Ficar:
A Pousada Candeeiros , fica próxima à Igreja em um charmoso casarão centenério, que oferece um delicioso café da manhã.
O Recanto Turístico da Pedra Caída (na estrada para Estreito) é uma ótima opção para quem quer ficar próximo à belíssima Cachoeira da Pedra Caída.
Na Pousada Cachoeiras do Itapecuru (na estrada para Balsas), ficam a poucos metros da imensa piscina formada pelas cachoeiras do Itapecuru.
Quando ir: o melhor é visitar Carolina na época seca (maio a novembro), quando o céu está mais azul e os banhos de cachoeira são melhor aproveitados. Evite o período de férias (julho e agosto), quando as praias do Tocantins e as cachoeiras, principalmente as do Itapecuru, ficam lotadas.
Quanto tempo ficar: se você quiser visitar as cachoeiras próximas à cidade, dois dias serão suficientes. No entanto, se você quiser visitar as cachoeiras do Rio Farinha e do Riachão, serão necessários pelo menos mais dois dias. Mas, não esqueça que as Cachoeiras do Rio Farinha só podem ser acessadas por carro com tração 4 x 4.
O que não pode faltar na mochila: roupas de banho, tênis que podem ser molhados ou papetes, protetor solar e repelente de insetos.