Igatu

Chapada Diamantina

A rampa do Caim, Igatu

Acordamos e ní£o sabí­amos direito o que fazer: o sol acabou decidindo por ní³s. Ainda estí¡vamos esperando por outro dia ensolarado para retornarmos ao Poí§o Encantado para fazer mais fotos do raio de sol. Resultado: voltamos a Igatu para tentar fazer a caminhada para a Rampa do Caim.

Quando chegamos em Igatu, demos logo de cara com o doido do Chiquinho (aquele guia que jí¡ falei outras vezes), mas ele ní£o poderia nos guiar, pois estava com o braí§o quebrado. Mas lí¡ fomos ní³s fazer a trilha com o filho dele, que em nada se parecia com o pai. A alegria falastrona do Chiquinho deu lugar a uma seriedade calada no seu filho.

A trilha í© fí¡cil, mas um pouco tediosa, jí¡ que ní£o existem atrativos no meio do caminho. Mas, quando se chega no mirante da Rampa do Caim, a gente víª que realmente valeu a pena chegar atí© ali. De um lado, descortina-se o Vale do Paty e de outro, o vale do Paraguaí§u, um dos rios mais importantes da regií£o. O mirante í© justamente no local onde os dois rios se encontram para, enfim, seguir seu rumo juntos. Eu, que jí¡ tinha feito a caminhada pelo Vale do Paty, pude matar as saudades e ver o Vale sob outro í¢ngulo.

O local í© ainda pouco visitado, o que se pode perceber pelo mato alto em alguns pontos da trilha. E justamente por isso, tivemos uma surpresa ní£o muito grata quando voltí¡vamos.

Na ida, o Renato encontrou uma linda orquí­dea florida, bem ao lado da trilha. Ela era a íºnica que estava florida. Por isso, se tornava ainda mais especial. Mas, como estí¡vamos com pressa para chegar ao mirante, o Renato fez uma marca no chí£o para que, na volta, encontrí¡ssemos novamente o lugar e ele pudesse se deliciar fazendo fotos da flor. Eis que, quando voltamos, restava somente um enorme buraco no chí£o.

Ní³s sabí­amos quem tinha roubado a flor, pois durante todo o trajeto sí³ passou por ní³s um grupo de 3 pessoas, sendo que uma delas era um homem de Salvador que tinha se mudado para Igatu hí¡ pouco tempo.

No final da trilha e comeí§o da cidade, lí¡ estava ela: a casa do tal Macedo, com um enorme jardim repleto de cactos e orquí­deas. Ní³s estí¡vamos soltando fogo pelas ventas e acabamos parando para discutir (estaria mentindo se dissesse que foi para conversar). Mas o ignorante veio com dois argumentos “irrefutí¡veis”: 1) que o jardim dele constitui o mesmo habitat que o da mata e por isso as plantas ví£o se dar muito bem ali; 2) todo mundo faz isso, entí£o ele tambí©m pode fazer. Com um imbecil que responde uma coisa dessas, ní£o existe contra-argumento possí­vel. Tentei dizer que o habitat atí© poderia ser o mesmo, mas que a planta se dí¡ bem nessa teia de relacionamentos complexa que existe no ecossistema da mata, onde cada indiví­duo tem a sua funí§í£o e importí¢ncia e onde todos vivem em um delicado equilí­brio. Tentei dizer que todos querem ter o prazer de encontrar uma linda orquí­dea florida na trilah ou na mata; mas com o jardim particular, somente ele teria esse prazer.

Aquilo acabou com o nosso dia. O sentimento de ter as mí£os atadas, de ní£o poder fazer absolutamente nada, de saber que ao darmos as costas para Igatu, ele continuarí¡ roubando espí©cimes da mata e trazendo para seu jardim particular, nos deixou tristes e revoltados. O jeito foi visitar o bar do Chiquinho. Foi a nossa sorte: o Chiquinho conta tanta estí³ria – descobrimos que as estí³rias de guias sí£o bem parecidas com as estí³rias de pescador – que a raiva foi passando aos poucos e nos acalmamos.

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
EnglishPortuguese